tradução de Maria Gabriella
Por milênios, as pessoas têm observado o céu noturno e se perguntado, “Estamos sós?”
Agora a descoberta de sete planetas do mesmo tamanho da Terra orbitando uma estrela-anã próxima, Trappist-1, nos levou não apenas um passo, mas um pulo mais próximo da resposta dessa questão, de acordo com os cientistas que anunciaram em uma conferência da NASA no dia 22 de fevereiro.
“A descoberta nos deu uma dica de que encontrar uma segunda Terra não é uma questão de probabilidade, mas de tempo,” disse Thomas Zurbuchen, administrador associado à NASA. É a primeira vez que tantos planetas do tamanho da Terra foram descobertos em volta de uma estrela; três deles, dentro da zona chamada de habitável onde água líquida poderia se formar na superfície e sustentar vida, de acordo com a NASA.
A prova de vida extraterrestre em um dos planetas orbitando Trappist-1 poderia responder a grande pergunta de se estamos ou não sozinhos no universo. Mas também levantaria muitas outras questões – algumas com implicações teológicas.
“Eu sempre tenho visto a procura de vida extraterrestre como uma oportunidade de se entender basicamente a forma que estamos relacionados ao universo – como nossa localização,” disse o Rev. Lucas Mix, padre Episcopal* e astrobiologista com doutorado em biologia evolutiva. “Minha maior esperança seria a de acharmos vida em outro local pois assim poderemos começar a falar sobre o que significa estar vivo e não o que isso significa para nós.”
Pela história da teologia, Mix disse, cristãos têm oscilado entre a ideia de que a Terra pode ser o único planeta habitado porque Deus favorece os humanos, e em contrapartida, de que assumir que a Terra é o único planeta habitado é o peso do orgulho humano pois Deus é ilimitado e todo-poderoso.
O padre astrobiologista não vê a existência de vida em outros planetas como um desafio à ideia de que Deus ama os humanos e os criou neste planeta. Nem outras pessoas em outras tradições.
Uma pesquisa de mais de 1300 pessoas de todas as crenças e de nenhuma crença apresentada no Mutual UFO Network Symposium de 2011 por Ted Peters – professor e pesquisador no Seminário Teológico Luterano Pacifico, o Centro de Teologia e Ciências Naturais e a Graduada União Teológica em Berkeley, Califórnia – mostrou que a maioria não acredita que prova de vida extraterrestre causaria uma crise de fé. Esse número é o maior entre os Budistas (94%) e menor entre Católicos (83%).
“No Islã, a questão da encarnação de Deus não existe, logo a existência de tais espécies não provocaria problemas fundamentais,” disse Nidhal Guessom, professor e chefe interino de física na Universidade Americana de Sharjah nos Emirados Árabes Unidos, que falou sobre as implicações de se encontrar vida extraterrestre para os muçulmanos. Muçulmanos interpretam a Escritura de formas diferentes nessa possibilidade, variando da crença de que Deus criou apenas os humanos como criaturas inteligentes e espirituais à acreditar que Deus criou outras espécies mais inteligentes e espirituais que nós, disse Guessom em um email para a RNS.E perguntas diferentes seriam levantadas por diferentes formas de vida, desde bactérias à espécies super-inteligentes. Mas “breves, intrigantes, e inconclusivas” referências no Quan deixam a possibilidade em aberto, o astrofísico algeriano afirmou.
Para as Escrituras Cristãs e Judaicas, Brother Guy Consalmagno, diretor do Observatório do Vaticano, disse: “é importante entender que a Escritura só é clara sobre uma coisa quando se trata da criação: que Deus a fez.
” A ideia de que os humanos são especiais não veio do Cristianismo, mas do Iluminismo – dos humanistas interessados em colocar os humanos no lugar de Deus, de acordo com Consalmagno, que endereçou questões sobre a vida extraterrestre no livro que ele co-escreveu entitulado “Você batizaria um extraterrestre?: … e outras questões dos astrônomos” Ainda, ele disse, que o fato dos planetas orbitando Trappist-1 poderiam suportar vida não é a parte mais emocionante da descoberta; provavelmente deve haver “zilhões” de planetas no universo que poderiam ser habitáveis. Mais empolgante para ele é o fato de que os planetas estão tão perto da estrela que eles orbitam “não sabemos como isso é estável”, ele disse. Isso irá mostrar aos cientistas mais como os planetas se formam. Dessa forma, ciência e religião são mais parecidos que diferentes. “As pessoas ficam muito, muito animadas com a aparição de santos ou da Virgem Maria, mas na vida real, sua vida de oração é francamente muito mais rica e muito mais importante que qualquer aparição que pode ou não ter ocorrido’, ele disse. “É assim que é na ciência. O progresso passo-a-passo diário a longo prazo é muito mais empolgante”.
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